"Está passando o 'Auto da Compadecida'!"
Ouvi minha mãe me avisar, fui até a sala sem esperar que o filme estivesse no começo, mas ao chegar na sala o filme ainda estava na cena da morte da cachorra de estimação da esposa do dono da padaria, estava no começo!
Eu gosto muito desse filme desde a primeira vez que o vi a anos atrás, nem sei dizer a quanto tempo... Mas a esperteza de João Grilo, o desfecho com Nossa senhora e Jesus Cristo num julgamento com o Diabo são coisas que ficaram em mim desde então.
O Diabo tem um papel bem natural nesse filme, ele é o acusador, ele acusa os personagens de suas faltas e seus vícios, faz eles enfrentarem pela primeira vez suas atitudes de frente a Jesus aonde não podiam mentir mais, nesse ponto o Diabo é um importante personagem, muitas pessoas podem não ver, mas é nesse momento que os personagens entendem o que fizeram que ia de contra-mão ao que acreditavam e além de toda auto-justificação. Isso me lembra que toda vez que o diabo sai na lâmina do tarot eu penso que é hora de olhar para dentro, de perceber as faltas, as auto-justificativas e as coisas que eu derramava julgamentos sem mesmo antes de conhecer, pois o Diabo além de bode-expiatório é sempre o desconhecido.
Ao terminar de ver o filme pensei comigo... Não há motivos sinceros para desmerecer a religião de outra
pessoa, as vezes e só as vezes a única coisa que elas realmente tem é a Fé, em Nossa senhora, em Jesus ou em algum santo ou deus. Me fez lembrar que apesar de tudo o que acontece na igreja católica, padres e situações da Igreja como num todo, eu sempre gostei muito de Nossa Senhora.
Minha mãe tem uma larga relação com Nossa Senhora e quando eu era mais nova e comecei a pesquisar sobre bruxaria, havia acabado de sair da catequese, não é que não gostava de Jesus mas ele ainda me era uma figura complexa, depois de terminar a catequese e conhecer mais da Wicca, comecei a ver Nossa Senhora com bons olhos (Provavelmente alguma analise entre Nossa Senhora e a Deusa Mãe das Wiccans ocorreu.) e do panteão cristão acabei me apegando mais a ela , hoje depois de alguns caminhos dentro da magia, estudando paradigmas e práticas gosto bastante de Jesus Cristo, não peço que a veracidade da vida dele seja testada seja como homem mortal ou como Ser Divino, mas o que ele representa para algumas pessoas e para mim é o que me faz gostar deles, algumas pessoas só tem o após a morte para encontrar conforto, pois a vida é dura e entre todos os pecados e virtudes que o ser humano possui a carne é fraca e assim se desenrola o destino de cada um.

O Auto da Compadecida me faz lembrar de como é importante respeitar as pessoas, todas elas lutam uma batalha interna, respeitar não quer dizer passar a mão na cabeça, mas compreender a situação do outro e com alguma sorte conseguir ouvir o seu próprio coração para tomar as atitudes corretas. Decidi colocar essa percepção aqui pois a Bruxa não é de um caminho em particular, ela é da Fé e da Arte, aonde há magia ela está lá, andarilha entre os caminhos a bruxa sempre está em contato com o que as pessoas tem de mais forte dentro delas.