sábado, 28 de setembro de 2013

Do Diabo à Compadecida, intermediado por Jesus.


"Está passando o 'Auto da Compadecida'!"

Ouvi minha mãe me avisar, fui até a sala sem esperar que o filme estivesse no começo, mas ao chegar na sala o filme ainda estava na cena da morte da cachorra de estimação da esposa do dono da padaria, estava no começo!

Eu gosto muito desse filme desde a primeira vez que o vi a anos atrás, nem sei dizer a quanto tempo... Mas a esperteza de João Grilo, o desfecho com Nossa senhora e Jesus Cristo num julgamento com o Diabo são coisas que ficaram em mim desde então.

O Diabo tem um papel bem natural nesse filme, ele é o acusador, ele acusa os personagens de suas faltas e seus vícios, faz eles enfrentarem pela primeira vez suas atitudes de frente a Jesus aonde não podiam mentir mais, nesse ponto o Diabo é um importante personagem, muitas pessoas podem não ver, mas é nesse momento que os personagens entendem o que fizeram que ia de contra-mão ao que acreditavam e além de toda auto-justificação. Isso me lembra que toda vez que o diabo sai na lâmina do tarot eu penso que é hora de olhar para dentro, de perceber as faltas, as auto-justificativas e as coisas que eu derramava julgamentos sem mesmo antes de conhecer, pois o Diabo além de bode-expiatório é sempre o desconhecido.

Ao terminar de ver o filme pensei comigo... Não há motivos sinceros para desmerecer a religião de outra
pessoa, as vezes e só as vezes a única coisa que elas realmente tem é a Fé, em Nossa senhora, em Jesus ou em algum santo ou deus. Me fez lembrar que apesar de tudo o que acontece na igreja católica, padres e situações da Igreja como num todo, eu sempre gostei muito de Nossa Senhora.

Minha mãe tem uma larga relação com Nossa Senhora e quando eu era mais nova e comecei a pesquisar sobre bruxaria, havia acabado de sair da catequese, não é que não gostava de Jesus mas ele ainda me era uma figura complexa, depois de terminar a catequese e conhecer mais da Wicca, comecei a ver Nossa Senhora com bons olhos (Provavelmente alguma analise entre Nossa Senhora e a Deusa Mãe das Wiccans ocorreu.) e do panteão cristão acabei me apegando mais a ela , hoje depois de alguns caminhos dentro da magia, estudando paradigmas e práticas gosto bastante de Jesus Cristo, não peço que a veracidade da vida dele seja testada seja como homem mortal ou como Ser Divino, mas o que ele representa para algumas pessoas e para mim é o que me faz gostar deles, algumas pessoas só tem o após a morte para encontrar conforto, pois a vida é dura e entre todos os pecados e virtudes que o ser humano possui a carne é fraca e assim se desenrola o destino de cada um.

Tenho um curiosidade exacerbada com a bruxaria e com a mitologia celta irlandesa e nórdica, já vi alguns ao entrarem no paganismo renegarem o catolicismo e eu até os entendo, mas para outras pessoas que não são pagãs, as pessoas de fé sincera e inocente, os santos e a igreja é tudo o que eles tem certeza que tem quando a Senhora vier buscar-lhes a vida. Por mais que eu goste muito de certos deuses e poder sorrir ao lembrar que cheiro de sangue vem de batalhas lutadas ou que ainda luto, que puxões de orelha ao som de corvejadas são um sinal que ainda posso aprender e que minha ignorância é enorme por mais que eu estude, eu ainda sei que posso conversar com a Senhora de manto azul, tão adorada nessa terra tropical, que eu posso sorrir quando a dama de vestido vermelho e jóias de ouro que a adornam me oferece uma gole de vinho na sua taça em plena areia da praia em frente a estátua de Iemanja.

O Auto da Compadecida me faz lembrar de como é importante respeitar as pessoas, todas elas lutam uma batalha interna, respeitar não quer dizer passar a mão na cabeça, mas compreender a situação do outro e com alguma sorte conseguir ouvir o seu próprio coração para tomar as atitudes corretas. Decidi colocar essa percepção aqui pois a Bruxa não é de um caminho em particular, ela é da Fé e da Arte, aonde há magia ela está lá, andarilha entre os caminhos a bruxa sempre está em contato com o que as pessoas tem de mais forte dentro delas.